Existem duas coisas nesse mundo que fazem com que o ser
humano se coloque em uma situação de superioridade perante o outro, e estas
coisas são o dinheiro e a saúde, quando se tem um desses itens, ou quando por
sorte se tem os dois, o ser humano tende a ser achar onipotente e maior do que
o outro, mesmo que não perceba.
O fato de uma pessoa falar que vai ajudar a outra já a
coloca em uma situação de superioridade mesmo que ninguém perceba isso, afinal
de contas, se o outro está precisando de ajuda é porque ele está em uma
situação inferior ao que está ajudando, pelo menos no aspecto específico.
Veja alguns exemplos: quando alguém da burguesia diz que
vai a uma favela ou a alguma instituição filantrópica para ajudar alguma
criança carente ou alguém que passa fome, é porque ela usufrui de uma condição
financeira superior a da pessoa que ela está indo ajudar, até porque, se assim
não fosse não teria lógica a ajuda, salvo os casos em que ambos não possuem
praticamente nada e mesmo assim se ajudam (mas esse é outro caso).
Agora veja o exemplo da saúde: quando alguém diz que vai
ajudar um deficiente físico, por exemplo, essa pessoa que está ajudando – mesmo
que esteja de fato com boa vontade – se encontra em uma situação superior ao
que está sendo ajudado.
Observe que eu não quero em nenhum momento desqualificar as
pessoas que ajudam os outros, a reflexão filosófica em questão não é essa, o
que eu quero propor vem da ótica do ajudado e não de quem está ajudando.
Já pararam pra pensar o quanto doloroso deve ser depender
da ajuda dos outros? Quem necessita de ajuda (seja ela qual for) se sente sim
em uma posição de inferioridade, mesmo que isso seja imperceptível às vezes.
Quando alguém clama socorro, pede por ajuda ou é ajudada até mesmo sem querer,
é porque essa pessoa está passando por uma situação que ela não gostaria de
estar vivendo, seja financeiramente, espiritualmente, emocionalmente,
fisicamente, enfim.
O pior disso tudo é ver que o mundo realmente segue esta
perspectiva para dar os devidos valores ao ser humano.
Se uma pessoa é extremamente rica e saudável, ela é
colocada no pico da pirâmide social, ela pode frequentar qualquer lugar,
caminhar com as próprias pernas e fazer o que bem entender.
Se outra pessoa já
é rica, mas não é saudável, esta já vai ficando limitada, o seu dinheiro passa
a não ter todo o significado do mundo e ela desce um degrau na pirâmide social.
E se outra pessoa estiver vendendo saúde, mas não tiver
onde cair morta, essa também terá grandes limitações e a invisibilidade social
será frequente em sua vida, a tal ponto dela questionar se ter uma saúde boa é
algo tão bom assim.
Agora, fiquem com o pior dos casos: se alguém, por
infortúnio do destino, não tiver saúde e nem dinheiro, este sim, será um
completo invisível social, pois ninguém o verá como um cidadão de fato, além de
que, esta pessoa estará sempre precisando de ajuda, o que a colocará no nível
mais inferior da pirâmide social. Infelizmente, quem é doente e pobre não vale
absolutamente nada por aqui, no máximo para o seu familiar querido, de resto,
ele será um estorvo, um peso humano, todos o olharão com um ar superior, mesmo
que não sejam.
É corriqueiro ver as pessoas se perguntando qual é o real
significado dessa vida, e de fato ele é bem complexo, e para isso temos toda a
nossa existência para tentar (eu disse tentar) resolver essa equação nada
lógica, mas é fato que uma das principais funções dessa vida é nos proporcionar
rasteiras, a todo o momento algo nos mostra que podemos ser o que ainda não
somos e que estamos longe de ser o que achamos ser, e é aí que mora a sabedoria
da vida, achar esse equilíbrio é para poucos, muito poucos, até porque o
verdadeiro ser superior enxerga todas as pessoas rigorosamente da mesma forma.
Jamais podemos nos achar superior a ninguém, seja por
condições financeiras, de saúde, ou seja lá o que for, pois além do mundo dar inúmeras
voltas, a vida está sempre aí para dar aquela banda esperta, e o pior: sem
ninguém esperar. E só aí é que alguns conseguem enxergar perfeitamente que não
valem mais do que aquele pequenino que está lá em baixo, escondido na rabeira
da pirâmide social.
Sempre que possível, tente não só ajudar o outro, mas
além de interagir com o ajudado, tente se ajudar com aquela experiência, e não
se apegue a dinheiro ou a coisas terrenas, não seja pequeno a tal ponto, evolua
espiritualmente, sinta de fato o que é viver de verdade e olhe sempre o outro
ser de forma igualitária, independente da posição que ele ocupe na pirâmide
social.
E nunca se esqueça das palavras do mestre Dalai Lama:
“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois
perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem-se do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... E morrem como se nunca tivessem vivido.”
E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem-se do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... E morrem como se nunca tivessem vivido.”
Bruno Rico.
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