Translúcidos.





O asfalto que cede sob os seus pés
é o mesmo que aniquila
e enterra no velório da invisibilidade
o Sr. Ninguém.

Pois é, esse mesmo que você não conhece.
Ele é o mesmo que varre o teu chão,
beija a tua mão,
te chama de Senhor
e mesmo sem ter feito nada
ainda te pede perdão.
                                                                                             
O homem de que falo
não possui o coração arado,
virou terra improdutiva,
prato cheio para essa sociedade
de latifundiário.

Ele não é preto,
ele não é branco,
não é índio,
não é nada!
Ele não se reconhece
em cor alguma,
pois ninguém o vê;
certamente é da sub-raça
dos translúcidos,
que se espalham aos montes neste país.
Estes não têm cota,
vivem sem rota
e quando morrem não valem nem uma nota.
Parece anedota,
mas a realidade deste ser
é o que mais lhe entorta
a beijar e consequentemente
se apaixonar pelo chão insalubre da derrota.

Bruno Rico.
               
               

0 comentários:

Postar um comentário