Sapiência infantil.

Ao cair ele se levantou.
Pobre criança!
Fora ensinado a cair e levantar-se,
E com humildade aprendera a lição.

O tempo passou...

E ao cair ele ficou no chão.
Pobre adulto!
Fora ensinado a cair e levantar-se,
Mas perdera a humildade
E esquecera a lição.

BrunoricO.

Conselhos de um eremita.


Não dependas
Da junção para
Completar o uno.
Seja completo em si
E para si.
Não espere complementos externos,
Para completar o seu interno ser.

Não sinta falta das pessoas
Que não irá conhecer.
Sinta-se preenchido por se conhecer
E lisonjeado por em equilíbrio viver.

Desprenda-se do exterior.
Quem muito varre do lado de fora
Esquece-se do lado de dentro
E na imundice padece.

Pegue para si o que de fato necessite.
Não se apegue ao
Material terreno
Que não possuir sucursal divina.

Você é o elo
Entre os seus mundos.
Só você possui a chave dos seus medos,
Desejos, aflições e inquietações.
Só você possui o poder
De ponderar-se consigo mesmo.
E ninguém poderá se apoderar
De seus poderes
Enquanto no eremitério viver.
Ninguém roubará
Seus sonhos na solidão.

Se quiseres viver a somar
Divida-se em dois
E terás um em um.
Terás a plena harmonia
No ser e no ter,
E jamais dependerá
Da incerteza de um outro ser
Para a felicidade conhecer.

Se quiseres viver a dividir
Ganhe o mundo
E nele faça morada.
Pois o mundo o usurpará por completo,
E em mil pedaços lhe dividirá.
E desses mil nenhum será seu.


BrunoricO.

Pedras de sal.


Caminho pelas pedras de sal
Que me levam rumo ao gigante
Verde deslumbrante
Que se quebra em ondas quando
O limite de seu bailado chega ao fim.

No chão de salinas,
Rodamoinhos formam
A valsa das águas
Que faz dançar involuntariamente
O corpo que antes sequer sorria.

Ao deleitar a imensidão do mar
Deito sobre as pedras de sal
E viajo como criança,
E sonho sonhos de esperança
Em pensamentos coloridos,
Que se distanciam das desventuras
E da falta de cor que estão a assolar
Meus dias sem vida.


BrunoricO.

Meu jardim.


Regarei meu jardim
Para ter flores pela manhã,
Sorrisos pela tarde
E quiçá um amor para noite.

Se tal amor vier,
Serei eternamente grato as flores,
E para o novo amor darei as mesmas flores
Que por mim foram plantadas e regadas.

Sendo assim, estarei eu em forma
De flor nas mãos do meu amor.
E se um dia eu vier a murchar de carência
A culpa será da dona da flor,
Que um dia eu ousei chamar de amor.


BrunoricO.