No palco da vida.


Entrei em cena sem ser visto
E saí sem ser notado.
Apresentei-me timidamente
Com medo de fazer algo errado.
Acabou que de errado nada fiz,
E de certo também não.
Já que o certo em minha arte
É no espectador causar comoção.

Não fiz nascer o brilho no olhar
Em quem me olhava atuar.
Não fiz chorar,
Não fiz sorrir,
Só fiz mentir.

Menti pra mim mesmo.
Fui pífio no que fiz.
Fiz questão de enganar-me
Achando que o medo ia me confortar,
Mas o medo nunca conforta.

Acovardei-me diante do meu personagem.
Atuo o tempo inteiro
E quando precisei atuar
Faltei com a minha verdade.

Preciso vencer os fantasmas
Que assolam o meu ser.
Preciso ser o que sou
E o que sou tenho de mostrar.
Preciso ser no palco
O que sou na vida.

BrunoricO.

Forças da natureza.


Joguei no vento
As folhas
Que continham
Os escritos do passado.
Quero escrever
Novas linhas.
Preciso colorir
Com novos tons.

Do mesmo vento
Que me desfiz do passado
Refiz-me para o presente
E preparei-me para
O futuro.
Consegui sentir
Na força da natureza
A essência da vida.
Consegui sentir
Na força do vento
A fraqueza da vida.
Entendi quão fraco
Somos ao aparentar
Uma força inexistente
Para confortar
O ego.

Não devemos nos enganar
Com a aparente suavidade
De um tempo sem tormenta.
Nem devemos nos assustar
Com as tempestades repentinas.
Devemos sim, entender
Que a natureza
Nos faz compreender
O incompreensível.
Devemos entender
Também
Que os dias de sol
E os dias de chuva possuem
O mesmo apreço.

Sol e chuva
Possuem o mesmo criador
E atingem as mesmas
Criaturas.

Se estiveres passando
Por dias ensolarados
Não se esqueça
Que uma tempestade
Repentinamente
Poderá surgir.
E se estiveres passando
Por dias de tormenta
Não se esqueça
Do brilho do sol.

Devemos crer
E entender
Que fazemos parte
De um ciclo cósmico natural,
Onde a força da natureza
Transforma um fraco em forte
E dá vida ao
Que na vida padecia.

Somos parte
Da onda que se quebra,
E do vento que do
Nada se constrói
E no nada se destrói.

Do que viemos voltaremos.
E na natureza
Eternamente permaneceremos.

Somos parte
De um todo
Que para todo
O sempre existirá.

Somos, portanto imortais.

BrunoricO.

Quero que o mundo se foda!

Quero que todos se explodam
Com suas dinamites
Internas que carregam
Em forma de coração.

Quero que o mundo
Se espatife no chão,
Se quebre em mil
E que dessas mil partes
Nenhuma se faça plena.

Quero um outro mundo,
Com outras pessoas,
Outras crenças,
Outros dogmas,
Outros valores
E outros amores.

Quero que os seres
Que se dizem humanos
Se afoguem em sangue,
E chorem suas lágrimas
De hipocrisia
Nos quintos dos infernos.

Na verdade
Eu quero mesmo
É que o mundo se foda!


BrunoricO.

* Essa poesia foi expelida por mim em um profundo e tenso momento de raiva com o mundo (entendam-me, por favor). Nada melhor do que desabafar em versos.

Perguntas feitas pra Deus.

Qual o futuro dos desafortunados?
Será verdade que os humilhados
Serão exaltados?

O Senhor fez o mundo?
O Senhor fez o homem?
E por que não terminou o projeto?

Por que existem humanos desumanos?
Por que Abel foi morto por Caim?
Por que esse mundo tão cruel
Ainda não teve seu fim?

Por que Eva mordeu a maça?
Por que deram a Judas o cargo de traidor
E a Pedro o cargo de santo?

Por que existem guerras eu Teu nome?
Por que o mundo já nasceu no pecado?
Por que quem faz o certo é visto como errado?

Por que Teus filhos acham que beleza
É sinônimo de bondade?
Sendo que Lúcifer era o Querubim mais belo
E decaiu para a maldade.
Por que tanta ignorância Senhor?
Por quê?
Pra quê?

E por fim a pergunta que mais
Me consome:

Existe mesmo semelhança
Entre o Senhor e o bicho homem?


BrunoricO.

Agonia!

Desejo de querer e não ter.
Vontade de fuga,
Mas a estadia é permanente.
Sentimento de perda de tempo.
Tormento da alma.

A água cai e não molha.
O prato é fundo,
Mas a fome não cessa.
Palavras são pronunciadas
Sem querer,
Mas a vontade de gritar é imensa.


BrunoricO.