Sempre sonhe antes de dormir.

Tracei metas,
Falhei, caí, chorei,
Quase sucumbi,
Mas quando tudo parecia pranto
O sonho parecia real.

Idealizei, viajei,
Naveguei numa onda
De devaneios que em minha mente
Borbulhou verdades.

Enfureci-me comigo mesmo
Só de lembrar dos momentos
Que por algum infortúnio
Eu simplesmente me esqueci de sonhar,
Ou deixei que usurpadores podassem a flor
Dos meus anseios.

Só que depois eu sorri...
Sorri de mim mesmo quando
Enxerguei minha quimera
Em forma de vida,
E passei a ver a minha vida
De uma nova forma,
Só que sem forma.

Sou grato aos sonhos por ainda viver,
Sou grato a eles por ainda sorrir,
Sou grato a eles por aprender
A crer no que sequer posso tocar ou ver.

É a fé no abstrato.
E no abstrato de um sonho
Que consome meu coração,
Às vezes eu chego a perder completamente a razão.
Mas é assim mesmo,
O que move um sonho é a paixão,
E o que move a paixão é a vontade,
Vontade de transformar sonho em realidade.

Quem não sonha já morreu,
Quem nunca sonhou, sequer viveu.
Quem realizou-se, reaprendeu a sorrir,
E quem vive de verdade,
Sempre sonha antes de dormir.

BrunoricO.

Sem querer nós queremos amar.

Às vezes nos angustiamos
Por algo que não queríamos querer - mas queremos.
Ou por algo ou alguém que não precisávamos ter,
E agora que temos nos perguntamos:
O que fazer?

Às vezes brigamos sem querer,
Falamos algo sem querer,
Gesticulamos sem querer;
Posso dizer que até mesmo
Esta poesia saiu sem querer.
Mas uma coisa eu lhe garanto:
Ninguém – eu disse ninguém –
Ama sem querer.

Quem não quer querer mais amar,
Se priva da vida, por mais infortuno que seja o amor.
Quem não quer querer mais amar,
Se priva de ousar.
Afinal, quer ousadia maior
Do que o próprio coração
A outra pessoa entregar?

BrunoricO.

Um tiro.


Movido a fogo.
Rasga a carne e fere a alma.

Regente do caos.
Arranca o ator da ribalta.

Desmantela a vida,
Presenteia a morte.

Teor Corrosivo,
Instinto opressivo,
Veloz como o animal mais destrutivo.

Senhor das guerras,
Rival da paz.

Astro de uma ópera rudimentar
Que felicidade não me traz.

Escorre sangue...
Jorra dor.
Destrói os sonhos
De um corpo que se estirou sem valor.

Basta um,
Somente um,
Não mais do que um
Para transformar
Morte em algo comum.

Basta um,
Somente um tiro
Para gerar o último suspiro.

BrunoricO.