Cacos de um pós-temporal.



A felicidade se dissipa em nossas mãos
mostrando como a vida é volátil,
como o coração é frágil
e como somos vulneráveis
a perda de um sorriso fácil.

Vida é sinônimo
de vendaval.
Um dia estamos bem,
fazemos planos,
sonhamos juntos,
nos alimentamos
da felicidade do outro
e, de repente...
Surge o vento em forma de temporal.
Vento que nos dá uma rasteira,
nos joga para o alto
e nos rodopia sem destino.
Daí, somos obrigados a levantar na marra,
quando na verdade,
o que queríamos mesmo era ficar no chão
e fazer deste chão a morada eterna
da nossa dor.
Dor que surge como água,
mas não a que escorre pelo ralo,
e sim a que entope e empoça
nosso peito,
quase sempre transbordando
por nossa face.

Às vezes dói ser forte,
levantar sem ter
em quem se apoiar
sobrecarrega o corpo,
que já não tem mais o outro
corpo para afagar.

No fim, só resta a saudade,
que corta a carne feito navalha,
só para mostrar a todo custo
que ainda estamos vivos,
mesmo que não pareça.


Bruno Rico.

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