Garatujas. Parte 2.


O saudosismo quase sempre chega a mim como um vento frio em uma tarde de verão; e por conta da intromissão desse sentimento em momentos que ele sequer era esperado, a valia do novo passa a ser questionada no mesmo instante, e a incógnita do tempo aflora em minha mente com uma voracidade imensurável.
Por causa de tais devaneios, às vezes eu penso em voltar no tempo, não para mudar nada, tudo que foi feito teve uma propósito, seja ele bom ou ruim; mas o pensamento de regressar a tempos de outrora vem com o intuito de reviver o que foi bom, relembrar sorrisos, rostos e emoções.
O saudosismo é nostálgico, às vezes faz com que eu me sinta um velho de vinte e poucos anos, mas ele também consegue ratificar as emoções de um passado valioso, afinal de contas se existe saudade é porque o que já passou foi bom, e se foi bom valeu a pena, e se valeu a pena já valeu uma vida, pois a maior essência da nossa vidinha é simplesmente isso: fazer valer a pena.
Mas o tempo é um amigo atroz, ele aprisiona em nossa mente memórias que queríamos ver livres, andando por aí, nos abraçando, nos acariciando e nos fazendo sentir vivos. Quantos e quantos já não quiseram ou tentaram voltar no tempo para dar vida a tais lembranças.
Na verdade eu sei que existem algumas formas de se burlar o tempo, logicamente que isso não é da ciência de todos os mortais, mas que existe uma forma existe! E não precisamos ser Michael J. Fox para acionar nenhuma máquina mirabolante que nos faça viajar para uma data ou uma ocasião em que gostaríamos de reviver.
Tudo é mais simples do que se pensa, aliás, tudo nessa vida é muito mais simples do que se pensa, complicar faz parte do instinto do animal racional que acha tudo difícil antes mesmo de tentar.
E por falar em tentar...
Tente reunir aqueles velhos amigos que te faziam achar graça na simplicidade das coisas; sabe aqueles seres que estavam em um momento marcante da sua vida e que jamais serão esquecidos, pois então, é desses que estou falando.
Depois de reuni-los não tente mais nada, pois se a amizade ainda tiver força tudo acontecerá rigorosamente como da última vez que se viram, as coisas irão fluir normalmente, as piadas provavelmente ainda serão as mesmas (e os risos também), o abraço ainda terá ternura, e o prazer de estar junto será exatamente o mesmo. No meio disso tudo você irá parar por alguns segundos para refletir, e achará que está tendo um déjà vu, quando na verdade o que conseguiu foi realmente voltar no tempo, graças aos velhos sorrisos dos velhos amigos. Simples assim.
Se isso tudo que foi narrado realmente acontecer é porque você conseguiu! A magia de controlar o tempo estará em suas mãos e você verá nitidamente o quão gratificante é refazer os laços que você achava ter perdido, e descobrirá que melhor do que fazer novos amigos é manter os velhos. 

Bruno Rico.


Ps: Gostaria de agradecer aos amigos: Daniele, Fabi, Paloma e Rodrigo por conseguirem fazer com que eu viajasse no tempo. Obrigado! 

 

1 comentários:

Fabi Pimenta disse...

ADOREI! Acho que você provou pra Dani que é um escritor de verdade!

Um abraço bem apertado e muita sorte nesta sua vida!

ps: temos que marcar o almoço! =)

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