Última poesia.

Apagaram as linhas
Póstumas do poeta.
Transformaram suas linhas de vida
Em rascunhos de morte.

Ele não era do tipo
Que causava boa impressão,
Cheguei a vê-lo andando maltrapilho;
Poeta de cara emburrada, amarrada,
Não sorria e nem chorava,
O rosto quase sempre
Parecia sem feição.

Morreu cedo, e morreu sem medo.
Morreu escrevendo tudo que sentia.
Antes mesmo de morrer
Confessou-me já ter escrito
Tudo que tinha pra dizer,
E justamente por isso
Já desejavas morrer.

Poeta de berço,
Tinha pelos versos
Um grande apreço;
Quando não escrevia nada
Num dia em que julgava inspirador,
Sua alma já vazia transbordava de dor.
Não aguentou longos dias
Sem escrever,
Já estava cansado de pegar na caneta
E não ter o que dizer.
Acabou morrendo ao lado de
Papeis amassados e rasgados.
Quando abriram tais papeis
Encontraram o seu último legado.
Sua face já esbranquiçada
Pela falta de vida ainda sorria.
Talvez fosse pela alegria
De morrer escrevendo a sua
Última poesia.
BrunoricO.

1 comentários:

Nando Tau disse...

Academia Brasileira de Poesia!

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