Garatujas. Parte 3.



Ah, mas como é uma merda ser realista! E eu estou falando a verdade, se eu pudesse escolher seria mais um iludido nesse mundo, esses seres de que falo, certamente vivem bem mais satisfeitos com a vida do que um ser que vê e sente a realidade em tudo (que chatice é ver tudo como realmente é).
Logicamente que é muito melhor acreditar em tudo que se é falado, logicamente que é muito melhor ainda acreditar no ser humano, e logicamente que é melhor achar tudo lindo ao invés de real.
Alguns desses iludidos, às vezes sofrem um surto psicótico que os aproxima da realidade, mas quando isso acontece eles sempre encontram uma saída. Alguns afogam suas realidades no álcool, sentados em uma mesa de bar; outros mais caseiros sentam em casa mesmo, no sofá, e ligam a TV em um canal com uma boa dose de antídoto contra a realidade; ou seja, cada um dá o seu jeito, os iludidos são bem criativos, na verdade eles precisam ser.
Viva o mundo da fantasia! Viva a essência lúdica da mentira fantasiosa! Vamos aplaudir os iludidos e queimar na fogueira os realistas, afinal de contas, pra que serve um realista se não para ser tachado de chato? Os realistas se corroem em uma solidão imensurável matutando as suas verdades absolutas que só são latentes a si. Em contrapartida, o resto do mundo monta o circo da ilusão, joga a lona pra não bater sol nem chuva, faz morada feliz da vida, e ao passear pelas ruas assobia feliz chutando pedrinha no chão; essas pessoas acreditam piamente na televisão e acham tolas todos aqueles que na realidade não enxergam ilusão.
É por tudo isso que repito com toda força a frase que iniciou esta garatuja: ah, mas como é uma merda ser realista!

Bruno Rico.

1 comentários:

Unknown disse...

Inacreditável esse texto nao ter um comentário. Me identifiquei bastante cara, concordo plenamente com tudo.

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