Da parede ou do chão.




Cá estou...
Esperando pelo silêncio
Com a mesma ânsia que o faminto
Aguarda pela refeição que insiste em não chegar.

Jogado num canto, estou eu de pé,
Ou deitado, sei lá,
Está tudo tão revolto,
Tudo tão confuso, que eu já não sei mais
O que é chão e o que é parede.
Sinto muita fome,
Também é grande a minha sede;
Mas eu acabei de comer,
Ainda estou com os lábios molhados
De tanto beber.
Que fome é essa meu Deus, que me consome o âmago?
E esta sede que tanto me aflige?

Talvez seja a fome de um mundo novo,
De algo mais vigoroso.
Talvez seja a sede de justiça,
Ou vingança, pelos que me roubaram no passado
E no presente sequer deixaram herança.

A não ser a herança maldita,
De um mundo que insiste em não silenciar,
Pois os gritos ainda são de dor,
E eu os ouço, eu os sinto.

Enquanto isso...
Os néscios saciados de mentira
Permanecem felizes com seus sorrisos retalhados,
  Desejos desregrados,
Sonhos desbotados
E votos comprados.

Enquanto eu...
Só observo, da parede ou do chão
A decadência deste habitat tão deturpado.

BrunoricO.

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