Congele-me, congênere do dia.


Cheios de sonhos
Eles deixam seus lares.
O dia se apresenta frio e sem dó,
Enquanto a solidão amanhece estampada
Na face de milhares.

O passo é sem tino,
O pensamento sem prumo,
Pois o destino não aparenta bom rumo.
Mas o dia não espera,
O dia nunca vai esperar.

As almas se aquecem no sol
Que surge pela tarde.
Mas logo o sol irá partir,
Deixando solitários os corações
Corajosos e também os covardes.

Os apaixonados se perguntam
Por que o amor mudou,
Por que o ardor acabou,
E por que a correria da vida
Transforma o útil em descartável.

Quando menos se espera
É o fim de mais um dia, e volta toda a correria.
As ruas voltam a se entupir com a multidão carente.
É tanta gente no meio de tanta gente
Que carece de gente,
Que chega a ser incoerente.

Alguns se perguntam
Por que alguns não se encontram.
Às vezes até se encontram,
E se amam pela noite,
Mas quando amanhece o encanto adormece,
Pois é mais um dia hodierno
Que contraditoriamente se anuncia congênere,
Mas alguns insistem em chamar de novo.
É tão novo que amanhece igualmente frio e sem dó
Estampando solidão na face de milhares.
Exatamente como ontem,
E possivelmente igual ao amanhã,
Mas mesmo assim ainda tenho que esperar para ver,
Oh tortura!

BrunoricO.

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