A mutação da matéria.

O abismo que surge na alma
Funde um novo ser sem matéria.
Esse ser navega pelo mar incolor
Que deságua nas águas
De um desgosto colorido.

Eis que uma onda
Inimaginável invade
Sua alma e afoga
Os últimos vestígios de esperança.

É nesse momento que o ser,
Antes sem matéria,
Personifica-se em uma nova criatura,
Agora sem sonhos,
Sem expectativas,
E sem desejos de algo melhor.

Agora ele vive por viver,
Falar por falar,
E age por agir.
Deixou de ser humano,
Virou um peso a mais na terra,
Daqueles que só servem
Para roubar um pouco de ar
Daqueles que ainda
Insistem em viver.

Hoje quem o vê,
Não vê nada.
Sua alma é translúcida,
Sua mente já não é mais lúcida,
E em seu peito ele carrega uma insondável ferida.

A antimatéria finalmente ganhou carne
E é sustentada por ossos.
E como o ser sem alma já não possui
Mais forças para nada,
O osso dói mais do que a carne.
Pois pilar nenhum suporta uma estrutura
Que não quer ficar de pé.

BrunoricO.

0 comentários:

Postar um comentário