Ah! Não me apetecem os poetas
Que eu vejo.
Falta-lhes a fome no novo,
A arte divina
De fazer o certo em linhas tortas,
O dom de espremer as palavras
Até o suco poético salivar bocas áridas
Que ansiavam pelo inesperado.
Os que faziam este feitio
Parecem-me ser todos finados.
Aqueles sim! Escapuliam do rotineiro
Como o diabo da cruz.
Enquanto hoje, os novos poetas
Parecem caminhar por um percurso totalmente sem luz.
A maioria não coloca vida
Em suas linhas,
Daí o texto sai fosco, morto, chega a dar desgosto.
O bom poeta sempre morre
Enquanto escreve,
Pois o seu coração está a pulsar
No papel, esperando pelo instante
Em que a poesia tocará o céu.
Feito isso, tudo volta ao normal:
Poema feito, coração volta a bater no peito.
Não consigo achar graça, nem lirismo
Nos poetas contemporâneos.
Talvez seja pessimismo, saudosismo,
Ou uma crise de egocentrismo,
Que faz com que eu me sinta, e me veja,
Como um poeta sem igual...
Beirando a gênio,
Beirando a louco;
Que se acha inovador
A tal ponto de ler um poeta novo
E ainda fazer pouco.
Prestar, em um mundo
Que não me presta.
Eis a tarefa mais indigesta
De um egocêntrico poeta
Que acha que só o que ele escreve
É realmente o que presta.
É realmente o que presta.
Bruno Rico.
Ps: Poesia expelida naquele momento: "nada
presta, nada de novo, o mundo precisa ser colorido com novas cores".
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