Breu.

18 jul


As pessoas andam tristes,
Parecem prever o fim derradeiro.

É tudo tão avulso,
E os sentimentos andam tão sorrateiros.

É tudo tão confuso,
E os dias caminham tão rotineiros.

As retinas não parecem mais brilhar como antes,
Os casais não se amam mais como velhos amantes.

É tudo que vira nada,
É nada que vira nada de novo.

É a poeira que acumula na estante,
É a gota de esperança
Que seca em questão de instantes.
É o cavaleiro incerto
Que já cavalga de forma errante.
É a poesia incoerente,
Onde a vogal já não se entende com a consoante.

Tudo parece tão distante,
E o que está perto já não é o bastante.

As frustrações se acumulam,
Os sofrimentos se perpetuam,
Pessoas iguais ainda se rotulam.

É tudo que vira nada,
É nada que vira tudo de novo.

É a valsa que se deixou de dançar.
É o sonho que perdeu-se no caminho
E esquece-se de realizar.
É o objetivo traçado que se tornou alado
E não se conseguiu mais alcançar.

Quisera eu poder voltar,
Voltar para um tempo onde não se contava o tempo;
Voltar para o meu devido lugar,
Aquecer-me novamente no ventre
Que durante nove meses fora meu verdadeiro lar.

Está tudo tão frio,
Chego a sentir arrepio em pleno estio.
Os semblantes andam sombrios,
Ninguém mais defende o próprio brio.

Vez ou outra surge um suspiro de salvação,
Depois descobrimos que era tudo mera ilusão.

Alguns fogem para as igrejas
Para tomar sermão,
Outros correm na contramão
E terminam na prisão,
Mas a maioria ainda se encontra sem direção,
Pecando de dia e a noite pedindo perdão.

Só sei que o dia se tornou
Noite sem lua,
E a noite se tornou
Dia sem sol.

Tudo está tão escuro,
Tudo está tão igual.
Nada muda,
Nada mudará.

O que era benéfico se tornou finito,
Em contrapartida,
O breu parece um malefício infinito.

BrunoricO.

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