Sem cruz.




Cada vez eu faço menos o sinal da cruz,
não, não me sinto mais protegida por isso.
Famigerada cruz.
Cruz minha que ninguém quer carregar,
dor minha que todos querem zombar,
carne minha que todos querem açoitar.

Tirei até a medalhinha do peito,
vi que não fazia efeito.
Ela só pesa,
não mais do que a que carrego
todo dia sobre as costas.
Na verdade tudo é muito pesado.

A saudade me pesa,
a falta do sorriso que já se foi,
também me pesa,
minha rotina parece um grilhão
que se arrasta e me desgasta,
tamanho é o peso.

Mas o pior é o peso do silêncio,
silêncio da alma,
silêncio que apesar de ser quieto,
não me acalma,
silêncio que me faz
gritar todo dia por dentro.
É por isso que eu não quero mais saber de cruz,
embora não consiga descer dela. 

Bruno Rico.

O avião da Marina também caiu.


Analisando friamente o atual quadro político brasileiro, e deixando os meus gostos pessoais de lado, resolvi escrever uma pequena crônica política (pois é, não é só o Arnaldo Jabour que faz isso):

O percentual de diferença do Aécio para a Dilma no primeiro turno foi de 8%.
A candidata Marina obteve pouco mais de 21% de votos.
O eleitor da Marina é o eleitor da mudança. Antes da morte do Eduardo Campos, esse eleitor estava mais perdido no que gringo andando no camelódromo da Uruguaiana no Rio de Janeiro, pois ele simplesmente não sabia o que fazer da vida, ele só sabia que não queria ver mais a cara da Dilma no poder. Aí o avião caiu, estranhamente, mas caiu, e veio a Marina, com seu ar de redenção, sua aura verde de salvadora da pátria; de início ela postulou de fato como a candidata da mudança - o Brasil sempre careceu de heróis e heroínas - e a Marina veio nesse pique, e muita gente se viu representado por ela, tanto é, que na época do Eduardo Campos, o falecido (que ninguém fala mais) aparecia com humildes 8%, quando o vento estava bom batia 9%, mas não passava disso nas intenções de voto. Daí Marinete chegou e tudo mudou, só que no meio desse voo presidencial o avião dela também caiu, a candidata se perdeu no meio da campanha e alguns eleitores se perderam junto com ela.
Mas por que eu estou falando tanto da Marina se a disputa é entre Dilma e Aécio? Estou falando da Marina porque será o eleitor dela que decidirá essa eleição, na verdade, se o piloto da Marina não tivesse dormido durante o voo, era ela que estaria nessa disputa, mas o avião dela caiu, malandramente o Aécio abriu seu paraquedas e chegou tomando conta do pedaço.
Marina está prestes a apoiar oficialmente o candidato Aécio Neves, e é lógico que o eleitor dela não fará tudo que ela mandar, mas com certeza muita gente que está nos seus 21% irá votar no Aécio sim, e isso não acontecerá somente por conta do apoio dela não, isso acontecerá, pois o eleitor da Marina é o eleitor da mudança, e ele não quer a Dilma nem pintada de verde, isso é um fato.
Alguns eleitores da Marina poderão sim votar na Dilma, até porque tudo também depende do tom de campanha da presidenta nesses próximos dias, mas essas pessoas serão minorias.
A Dona Dilma ainda tem outro fator bem grave contra ela, muitos eleitores da extrema esquerda e outros tantos insatisfeitos com absolutamente tudo, irão anular o seu voto, e esses votos nulos certamente farão muito falta para algum candidato, e tudo indica que essa falta será mais sentida pela Dilma.
O eleitor da Dilma do primeiro turno vai com ela até o fim, o do Aécio a mesma coisa; já metade, ou pouco mais da metade do eleitor da Marina, deve votar no Aécio, e a outra metade deverá fazer não sei o que da vida. Os eleitores da Luciana Genro deverão votar na Dilma em sua maioria, mas isso não deverá causar tanto alvoroço no cenário, e a rejeição para ambos os candidatos totalizando brancos e nulos será muito grande, talvez até surpreendente.
Resumindo em miúdos: com o eleitor da Marina, que é o eleitor da mudança, votando em sua maioria no Aécio, e com a pouca possibilidade de pessoas se debandando para o lado da Dilma, só posso concluir a minha teoria dizendo que no dia 1º de Janeiro de 2015, os Tucanos voltarão ao poder do Executivo, pois Aécio Neves será o 37º Presidente do Brasil.
Ah, e só pra fechar: é bom que ele faça das tripas coração para conseguir fazer em quatro anos um mandato pra lá de excelente, com o mínimo de escândalos possíveis; do contrário, em 1º de Janeiro de 2019, se tiver vida e saúde, o Lulinha paz e amor toma de assalto tudo de novo.

Posso estar errado em tudo que disse? Claro que posso, até porque as pesquisas de intenção de voto são pagas e mesmo assim ainda erram boa parte dos resultados; então ta tudo certo.

Bruno Rico.